Teatro Colón prepara seu retorno em 2010

Um teatro que estava quase destruído renasce das cinzas

Dois anos atrás o Teatro Colón estava prestes a virar história. E não falo por outra récita histórica com Barenboim, Mehta, Maazel ou qualquer outro regente de peso. O teatro estava literalmente detonado, denunciava o maestro Daniel Barenboim, em 2008, um dos principais institutos culturais do país.

Um grande tapa na cara do então prefeito de Buenos Aires, Maurício Macri, um mês antes do anúncio os músicos dos corpos estaveis fizeram greve, e tocaram com nariz de palhaço na cara da prefeitura. O destino era claro, sem mudança, a Argentina perderia sua principal casa de ópera.

Pois bem, dois anos mais tarde o Teatro Colón volta a melhor forma. Os investimentos apareceram, o teatro foi restaurado, e no próximo 25 de Maio, após estar fechado por dois anos o Colón reabre com um ato da ópera La Bohéme e outro do balé Lago dos Cisnes, respectivamente de Giacomo Puccini e Piotr Tchaikovsky.

Num plano inusitado, a diretoria do Teatro traz na temporada 2010 todo o repertório necessário para atrair qualquer fã da boa música. Óperas, balés e concertos sob a batuta e a direção cênica dos melhores profissionais no mercado.

O melhor, não é nem a presença de renomados artistas e da Orquestra Filarmônica do Scala de Milão, uma das principais companhias de óperas do mundo, os ingressos tem um preço razoável em comparação com os brasileiros. Por cerca de R$ 60 (esgotados) até R$ 1,400 você pode comprar ingressos para temporada, divididos em duas etapas, de maio a junho e julho a . Ou seja, todos tem oportunidade de ver um Nelson Freire, Sol Gabetta e tantos outros por ótimos preço.

Nesta temporada serão seis óperas, quatro balés e vinte e três concertos, além de apresentações comemorativas com recital do violoncelista Yo-Yo Ma, do pianista Andras Schiff, e presenças das orquestras de Munique com Zubin Mehta, West Divan e Alla Scala de Milão sob a regência de Daniel Barenboim.

Os brasileiros também marcam presença na reabertura do Colón, há bastante novidade e desafio em suas escolhas. Isaac Karabtchevsky rege a Orquestra do Teatro Colón obras de Golijov, Bartok e a segunda sinfonia de Bernstein. Nelson Freire, nosso maior pianista, apresenta com o grupo o primeiro concerto para piano e orquestra de Brahms. E John Neschling conduz um concerto com obras de Mendelssohn, Britten, Debussy e a estréia da peça de Marco Betta, Mare Notturno, além de ter o privilégio de reger a ópera de Mozart, Don Giovanni, uma das mais difíceis e extensas do repertório operístico.

Como sulamericano tenho orgulho de ver um teatro de proporções mundiais, como o Colón, ressurgir das cinzas. Como brasileiro, tenho vergonha de ver dois dos nossos principais teatros de ópera, o Municipal do RJ e Municipal de SP, jogado às traças, por pura má vontade política. Na Argentina, a vontade de restaurar um patrimônio histórico transcendeu os quatro anos de vontade de Mauricio Macri. Vejamos se nossos governantes aprendem algo além do tão conhecido imediatismo passageiro.

Veja aqui vídeo explicando o renascimento do Teatro Colón, desde a reforma até anova temporada, passando pelo descaso da política.